Transtorno alimentar na infância

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O que fazer se o seu filho não quer comer e quando prrocurar ajuda 



Sou fruto do que vejo, mas principalmente do que fazem comigo.
Tome cuidado com o mundo que você me apresenta. Tome cuidado com o que
você faz da minha vida. Cuide de mim e me observe. Eu posso estar sofrendo e
minha saúde sendo prejudicada!
Christiane Junqueira 
Toda vez
que uma criança é acometida por dificuldades alimentares a primeira atitude dos
pais ou responsáveis é procurar por médicos que possam ajudar a identificar o
problema. Porém, gostaria aqui de fazer um alerta: é necessário SIM sempre
procurar pelo médico pediatra da criança, mas sempre levem em consideração
também a possibilidade de problemas emocionais ser o fator desencadeante desta
dificuldade, e procurem por um psicólogo, porque SIM, questões de ordem
emocional podem ser os causadores de dificuldades alimentares e como
consequência, se não identificado que o problema é de ordem emocional e tratá-la
adequadamente, pode acabar causando problemas físicos.

Vamos entender como isso acontece?

Transtornos
Alimentares Na Primeira Infância
Até mesmo
antes dos 6 anos de idade, a chamada primeira infância, essas dificuldades
podem aparecer, e em muitos casos, a criança não consegue alimentar-se
adequadamente devido a problemas emocionais, e não em função de distúrbios físicos.
Quando a
criança começa a introdução alimentar é importante entender que este é um
momento novo para o bebê e que mudar a forma de se alimentar nem sempre é tão
prazeroso como julgamos ser. Os sabores nem sempre são tão bem aceitos como desejamos
que seja e a textura e temperatura dos alimentos muitas vezes contribuem para
que esse momento não seja tão agradável. Por isso, é muito importante que os
pais ou responsáveis, procurem transformar este momento no mais agradável
possível.
Sendo
assim:
–      
Ofereça o alimento de forma carinhosa e divertida;
–      
Conte histórias, verdadeira ou inventadas, mas interessantes, sobre
aquele tipo alimento;
–      
Independente a gostar ou não do alimento, respeite, pois caso não goste,
poderá voltar a oferece-lo em uma outra ocasião;
–      
Não brigue, seja qual for o motivo, para que o horário das refeições seja
uma descoberta prazerosa.
–      
Enfim, fiquem sempre atentos, observe o que a criança mais gosta, seus
hábitos, e caso o comportamento mude, procure ajuda.
Agora, vamos entender, sobre a visão de
alguns autores, algo mais sério ainda que são os chamados TA’s – Transtornos
Alimentares.
De acordo com Pinheiro (2011), existe um
sistema de classificação que reúne resultados de várias investigações
sobre o TA, e que agridem designadamente crianças, é o Great Ormond Street –
GOS. Nele, estão indicados e caracterizados os seguintes TA’s:
Transtorno emocional de evitação da comida:

–       Evitação
de comida na ausência de um transtorno de humor;
–       Perda
de peso;
–       Alteração
do estado de humor que não se enquadram em critérios para o diagnóstico de
um transtorno de humor;
–       Ausência
de enfermidade orgânica cerebral ou psicose.
Síndrome de *Rechaço Generalizado: (*repúdio)
–       Rechaço
profundo a comer, beber, caminhar, falar ou cuidar-se;
–       Resistência
aos esforços por ajudá-las. Essa condição pode ser uma forma extrema de
stress pós-traumático em casos de suspeita ou evidências de abusos.
Fobias relacionadas à ingestão de comidas ou disfagia
funcional:

–       Evitação
de comida;
–       Medo
de engolir, engasgar, vomitar ou ter diarreias;
–       Ausência
de enfermidade orgânica cerebral ou psicose
Transtorno da compulsão alimentar periódica:
– Episódios frequentes de compulsão
caracterizados por comer sem fome e sentimento de perda de controle, que estão
associados a: comer como resposta a um sentimento negativo ou como recompensa
de algo.
Além do Great
Ormond Street – GOS, estudado por Pinheiro, (2011), veremos também outros
transtornos:
Transtorno De Regurgitação 
Este é um caso aonde há uma grande
dificuldade na deglutição, de forma que a criança devolve o alimento para a
boca, mastiga-o e engole-o novamente. Trata-se de episódios
de regurgitação (ou remastigação) repetidos que não podem ser explicados
por nenhuma condição médica e podem causar desnutrição, perda de peso,
desidratação e morte (APPOLINÁRIO;
CLAUDINO, 2000).
Este transtorno mais comum em pacientes com
transtornos do espectro do autismo ou com algum grau de atraso no
desenvolvimento cognitivo, porém, pode aparecer em crianças que tenham algum
problema na relação com os pais ou cuidadores ou que adquiriram um comportamento
reforçado inadequadamente.
Nesse caso, é sempre indicado um tratamento
terapêutico aonde seja realizado a análise do comportamento da
criança, do comportamento dos pais e de como se desenvolve a
dinâmica familiar.
Transtorno Da Seletividade Alimentar
Esse transtorno também é conhecido como Picky
Eating, que consiste na recusa a certos tipos de alimentos, devido à textura,
ao aroma ou à cor, temperatura (alimentos quentes ou gelados), ou no tipo de
alimento (não come carne, por exemplo).
Esse problema é mais comum em crianças que
sofrem com transtornos de ansiedade e autismo.
Entre os fatores emocionais desencadeantes,
como a evocação de um mal-estar causado pela comida que pode ser devido a
associação a algo desprazeroso, ou falhas emocionais na introdução alimentar,
temos as consequências que também podem ser emocionais, com problemas na
interação social, visto que grande parte dos eventos sociais envolvem algum
tipo de comida e a criança se sentirá excluída e também os prejuízos a saúde
com possíveis deficiências nutricionais.  
Pica Do Lactente
Felizmente, trata-se de um
transtorno bastante raro, que acomete crianças vítimas de alguma forma de agressão ou que
apresentam algum distúrbio psicológico, como depressão ou autismo.
Este
transtorno se caracteriza por pacientes que ingerem persistentemente materiais/substancias
que não são alimentos, como: terra, barro, cabelo,
alimentos crus, cinzas de cigarro, fezes de animais insetos e tinta de parede. Muitos
problemas clínicos podem ocorrer, relacionados com o sistema digestivo e com
intoxicações ocasionais, dependendo do agente ingerido. (APPOLINÁRIO;
CLAUDINO,2000)
Transtornos
Alimentares Em Crianças Mais Velhas
 
Neste caso
é imprescindível que os pais sejam atentos ao comportamento dos filhos, pois só
assim perceberão mudanças no comportamento 
alimentar dos mesmo, que podem indicar, algum problema emocional de
ordem social, por exemplo, mas também um transtorno grave como a Anorexia ou a
Bulimia onde existe um padrão de alimentação fora do normal e uma percepção
deturpada da própria imagem.
Anorexia
Este transtorno segue os seguintes sintomas
diagnósticos, segundo CORDAS, 2004:
–       Perda
voluntária de peso,
–       Cognições
anormais sobre o peso e a figura, (visão distorcida de sua imagem corporal),
–       Preocupação
patológica sobre o peso e a figura.
O desejo exagerado
pelo corpo magro, leva à restrição alimentar, insatisfação com a própria
aparência e medo de engordar. Porém, a preocupação
excessiva com algumas questões dão sinais deste transtorno como: calorias dos alimentos, servir-se com porções
reduzidas, negar alguns alimentos ou ate mesmo negar alimentar-se, pesagens
repetidas, tirar medidas do corpo com frequencia, analisar seu corpo no espelho
ou qualquer comportamento que indique preocupação excessiva com peso/auto
imagem. 
Bulimia
Este transtorno segue os seguintes sintomas
diagnósticos, segundo CORDAS, 2004:
–      
Episódios de ingestão
exagerada (compulsão alimentar) sequenciados por episódios compensatórios de
vômitos autoprovocados,
–       Sentimento
de perda de controle,
–       Preocupação
patológica com peso ou figura.
Na Bulimia,
há uma desordem alimentar, que gera no individuo uma compulsão muito grande em
ingerir muita comida, porém é tomada por um sentimento de culpa/arrependimento
por medo de engordar. Neste caso os pais devem observar se a criança apresenta
ansiedade para sair da mesa logo após as refeições, normalmente para ir ao
banheiro e se há algum indício de que a criança esteja se escondendo para comer compulsivamente.
Nos dois
casos é importante ainda, que as questões de autoimagem sejam trabalhadas desde
sedo com as crianças e não apenas quando o problema esta acontecendo, para que
cresçam e aceitem a sua imagem e não uma imagem criada por elas ou pela
sociedade.  
Tratamento
Toda a
suspeita, assim como tratamento de TA, deve ser sempre encaminhado e  acompanhado pelo seguintes profissionais; médico
pediatra, psicólogo e nutricionista.
REFERÊNCIAS
APPOLINÁRIO,
J.C.; CLAUDINO, A.M. Transtornos alimentares. Rev. Bras. Psiquiatr., v.22, n.2,
p.28-31, 2000.
CORDÁS,
T.A. Transtornos alimentares: classificação e diagnóstico. Rev. Psiquiatr.
Clín., v. 31, n. 4, p. 154-157, 2004.
PINHEIRO,
N. P. Classificação e Diagnóstico de Transtornos Alimentares na Infância:
Nem DSM, nem CID-10. Psicol. Pesq., v. 5, n. 1, 2011.

Christiane Junqueira, psicóloga, especialista em Psicologia Hospitalar pela FMABC – Faculdade de Medicina do ABC, Neuropsicologia pelo INESP – Instituto Neurológico de São Paulo e aprimoramento em Reabilitação Cognitiva também pelo INESP

5 Comentários
  1. Talita Rodrigues Nunes Diz

    Nossa! Post super completo! Aqui em casa não temos muito problemas com isso, mas informação é sempre bom!

  2. Puxa, não imaginava que esses transtornos podiam acontecer na infância. Muito bom ter mais informações assim.

  3. Mayara Figueredo Diz

    Oi Mari!
    Adorei. Gracas a Deus por aqui não temos problemas. Mais informação é essencial!

    Bjus

  4. Genis Borges Diz

    Excelente post e assunto muito pouco abordado.
    Vou compartilhar no meu grupo de mães.

  5. Chris Ferreira Diz

    Caramba, eu não tinha noção de tantas possibilidades de transtornos alimentares em crianças. Bem informativo o post.
    beijos
    Chris

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